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2004/04/30

Política e Weblogs na Ler Devagar 

Dia 1 de Maio (não se esqueçam que é dia do trabalhador não trabalhar!), às 21:30h, a Livraria Ler Devagar dinamiza uma tertúlia em volta do tema A Política para além do Estado: Política e Weblogs, com organização do NECPRI.
A morada é: Rua de S. Boaventura, 119, no Bairro Alto. Tel: 21 324 10 00 / 21 325 99 92

2004/04/28

Pensar, sentir, conhecer... com uma ajuda de H. Hesse 

Encontrei esta passagem numa das minhas leituras:
"Reflectiu profundamente, como se se deixasse mergulhar até ao fundo dessa sensação, até ao local onde repousam as causas, pois reconhecer as causas, assim lhe parecia, é realmente pensar, e somente assim as sensações se tranformam em conhecimento e não se perdem, ganham vida e começam a irradiar aquilo que contêm". Siddhartha, Um poema indiano. Hermann Hesse.
Acho que este cantinho serve precisamente para transformar as causas em pensamento, as sensações em conhecimento, e não deixar que nada se perca.

2004/04/27

Sociedade da Informação: Homem e Natureza, sinergia adiada? 

A pedido de "várias famílias", segue-se uma reflexão a propósito do texto Computopia de Yoneji Masuda.
Segundo Masuda, a base da Sociedade da Informação, a que chamou Computopia, são os cidadãos que actuam voluntariamente em comunidades – “comunidades voluntárias” – com um mesmo objectivo [Masuda, Computopia, em Forester, 1986]. E o objectivo final da Computopia é “o renascimento da sinergia teológica com o ser supremo, ou seja, que as acções do homem estejam em harmonia com a natureza” através da tomada de consciência das limitações da tecnologia científica e na de que “só temos a Terra para viver”.
Parece-nos que essa percepção dos limites da tecnologia continua hoje a ser adiada, nomeadamente, quando somos confrontados com questões polémicas como as que envolvem a clonagem, a produção de armas químicas, entre outras.
Masuda defendia que, na Computopia, não bastará ao Homem resolver os problemas da poluição e dos congestionamentos, mas também terá necessidade de realização pessoal. A noção de sociedade de informação está muito relacionada com a de bem-estar para a Humanidade e Masuda previa que o indivíduo terá maior independência e mais tempo livre devido ao aumento do poder de produção de informação e da redução da dependência em relação ao trabalho de subsistência (consequência da automação) e que por isso iriam “florescer as comunidades voluntárias, compostas por pessoas com educação superior e com um forte sentido de comunidade”.
Apesar do optimismo de Masuda, e das formas de “ganhar” tempo já disponíveis através das TIC – elearning; teletrabalho; comércio electrónico, etc. – o que se verifica hoje, e cada vez mais, é que a superabundância de informação disponível produz uma maior escassez de tempo e atenção para o seu processamento, não apenas em termos electrónicos, mas também na capacidade de assimilação humana da informação.
As relações interpessoais sofreram uma transformação acentuada na última década. Se antes o tipo de relações se caracterizava por um contacto “cara a cara”, proporcionado pelo desenvolvimento dos transportes, a revolução tecnológica ampliou a nossa esfera social, expondo-nos às opiniões, valores e estilos de vida de outras pessoas, sem limites geográficos.
O novo esquema de relações (supranacional e com carácter global) implica que a estrutura das relações se baseie, sobretudo, no intercâmbio de informação. Mas a velocidade a que se processa a partilha da informação e a quantidade de relações interpessoais disponíveis trazem outras consequências: a superficialidade e o desinteresse, a insegurança e a desconfiança.
Com a introdução sucessiva de novas tecnologias “o tempo colectivo é acelerado, impondo reajustamentos de valores e de comportamentos, devido à obsolescência de anteriores paradigmas elaborados sobre uma base tecnológica diferente" (Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal). Ou seja, exige dos indivíduos que têm acesso às TIC uma constante atenção, tempo, e uma predisposição para o ajustamento e para a mudança, sob pena de um atraso na integração plena na Nova Economia e, por conseguinte, a um “decréscimo no bem-estar”.
Mas provoca também um óbvio desgaste, apesar de Masuda considerar que na sociedade do futuro haverá “uma maior capacidade de resolução de problemas e da exploração de novas possibilidades a concretizar” e que, como consequência, “também a criatividade irá aumentar”.
Para Masuda, a “forma mais eficaz de aumentar a produção e utilização de informação será através do trabalho em conjunto para produzir e partilhar informação”. Etienne Wenger lembra, a propósito, o exemplo das comunidades de prática que existem desde os primórdios da nossa história, comunidades que transformam o conhecimento adquirido pela comunidade em práticas sociais: “Such communities do not take knowledge in their specialty to be an object; it is a living part of their practice even when they document it”.
Jesús Jiménez Segura refere um outro aspecto importante e que é muitas vezes esquecido: o papel do próprio conteúdo da informação transmitida através das TIC. As novas tecnologias da informação serão mais ou menos importantes em função da sua utilidade para a transmissão da informação útil que cada utilizador necessita. E essa informação é cada vez mais sintética, com um vocabulário cada vez mais simples: “a calidad de la información queda reducida a lo essencial”. Perde-se, por isso, a visão profunda das coisas, do todo, a análise dos dados. Dá-se prioridade ao sensacionalismo, à frivolidade e “todo esto conduce en el mejor de los casos a la incomprensión, casi siempre a la ignorância e impide que la gente esté adecuadamente informada” .
“A sociedade da informação incluirá a liberdade de decisão e de igualdade de oportunidades”, refere Masuda. Com todos os perigos que isto implica: o uso das TIC para a disseminação das mensagens de terroristas e outros grupos radicais; a pedofilia; o cyber crime.
A Computopia, como outras utopias, ignora as enormes desigualdades mundiais. Na sociedade pós-industrial em que vivemos impera a marginalização de alguns quanto ao acesso pleno aos benefícios da Sociedade da Informação: os mais desfavorecidos nos países desenvolvidos e os países pobres. Estes não têm capacidade de investimento, quer em computadores, quer em infra-estruturas e têm um baixo nível de literacia e de literacia informacional (e-literacia), ou seja, mesmo que tivessem acesso à Internet, provavelmente teriam dificuldade em retirar dela todo o proveito.
Mas essa exclusão passa também por elementos que hoje consideramos tão básicos como o telefone e a própria electricidade. Se a Computopia tem como base a liberdade de decisão do indivíduo de utilizar o seu tempo da forma que achar mais conveniente para atingir o objectivo a que se propôs (em última análise, a sinergia com o “ser supremo” a que se refere Masuda), no século XXI, grande parte dos indivíduos (a maioria?) provavelmente ocupará o seu tempo com questões básicas de sobrevivência, longe ainda das preocupações com o eficaz uso das TIC.
Segundo Manuel Castells [2003] o processo de exclusão social afecta pessoas e territórios: “De acordo com a nova lógica dominante do espaço de fluxos, áreas consideradas sem valor na perspectiva do capitalismo internacional e que não sejam objecto de interesse político significativo são ignoradas pelos fluxos de riqueza e de informação e, em última análise, privadas da infra-estrutura tecnológica básica que nos permite comunicar, inovar, produzir, consumir e, até mesmo, viver no mundo de hoje”.
Com o surgimento de novas plataformas de comunicação cada vez mais avançadas – redes de banda larga; televisão digital interactiva; sistemas móveis de terceira geração -, pretende-se, ainda assim, que o acesso à Nova Economia e à Sociedade da Informação seja facilitado e chegue a todos. O Plano de Acção eEurope 2005 e o Plano de Acção para a Sociedade da Informação em Portugal, entre outros, são disso exemplo.
Estão a multiplicar-se as iniciativas que propõem uma sociedade da informação global, mas onde os indivíduos e comunidades possam preservar a sua cultura, a sua identidade, nomeadamente, através de esquemas de comunicação multilingues , e que funcione como um potencial de autodeterminação e de alternativa à monopolização (apesar da concentração do mercado das comunicações e dos obstáculos impostos quer por corporações privadas, quer pelos governos). Veja-se, por exemplo, as iniciativas da UNESCO Webworld (Communication and Information); Bridges.org; Digital Divide Network ; Global Internet Policy Initiative; World Resources Institute Digital Dividend.
Masuda predestinava uma sociedade funcional sem poderes governativos. A sociedade da informação seria uma sociedade sem classes, livre de governos (económicos ou políticos) e onde predominariam as comunidades voluntárias. Apesar de considerarem que “o acesso à informação e ao conhecimento deve estar assegurado sem discriminações de origem social” [Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal, 1997] , e da Declaração de Princípios da WSIS, Genebra 2003, que afirma a vontade de construir “a people-centred, inclusive and development-oriented Information Society, where everyone can create, access, utilize and share information and knowledge, enabling individuals, communities and peoples to achieve their full potential in promoting their sustainable development and improving their quality of life, premised on the purposes and principles of the Charter of the United Nations and respecting fully and upholding the Universal Declaration of Human Rights”, os poderes políticos e económico mundiais dificilmente abdicariam da sua posição de vantagem, pois acreditam ser eles próprios a fonte de equilíbrio e desenvolvimento na comunidade, na nação, no mundo.
O Livro Verde para a SI em Portugal refere claramente que “na construção da sociedade da informação deve ser respeitada a matriz democrática cujos princípios e regras fundamentais estão definidos na Constituição da República Portuguesa” e que essa construção deve obedecer “aos princípios e regras constitucionais em matéria de direitos, liberdades e garantias, de organização democrática do Estado, de transparência do funcionamento das instituições e de democracia económica, social e cultural”. Ou seja, o cidadão, ou indivíduo, terá sempre de obedecer a regras que garantem o equilíbrio funcional das comunidades, apesar de não ser, pelo menos teoricamente, rejeitado o “diálogo e cooperação” sempre fragilizado pelo “desconhecimento por parte dos cidadãos, que não exercem os direitos que a legislação lhes confere” [Magalhães, em Alves et al (coord.), 1999].
A Sociedade da Informação talvez não venha a corresponder ao sonho de Yoneji Masuda, pois, como resume muito bem Manuel Castells: “A sua evolução futura é bastante incerta e está submetida às dinâmicas contraditórias que opõem o nosso lado obscuro às nossas fontes de esperança. Ou seja, à perene oposição entre, por um lado, as renovadas tentativas de dominação e exploração e, por outro, a defesa por parte das pessoas do seu direito de viver e procurar o sentido da vida”.

2004/04/26

Petição em defesa do empréstimo público nas bibliotecas  

Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas - BAD elaborou uma petição online contra a aplicação de taxas sobre o empréstimo de livros e outros documentos nas bibliotecas portuguesas, sejam elas públicas, escolares, universitárias ou outras. Uma medida que poderá comprometer iniciativas de promoção da leitura em todo o país.

2004/04/23

Três meses e muita reflexão depois...  

...vou finalmente entar neste "mundo". E começo por deixar duas sugestões de livros sobre Weblogs, acabadinhos de sair, para quem não tem tempo de andar pelas livrarias. O livro de referência dos bloguistas já foi traduzido para português por António Jorge Pais Antunes: Blood, Rebecca (2004). O Livro de Bolso do Weblogue - Conselhos práticos para criar e manter o seu blogue. Campo das Letras. A outra sugestão: Barbosa, Elisabete, Granado, António (2004). Weblogs - Diário de Bordo. Col. Comunicação: 2, Porto Editora. Boas leituras.

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